21 de setembro de 2003

Angel - Part 1

- Que é que eu tenho feito? Tenho trabalhado muito.
- A trabalhar? Com tantas almas para salvar... Tive saudades tuas.
- Bem... creio que tenho salvo algumas... mas fico esgotada!!
- Acredito. Deve ser muito difícil ser anjo. Principalmente quando se é um anjo com muita personalidade.
- Tive saudades tuas... mas como tu és uma estrela cadente eu sabia que ias parar a outra órbita... e passar por aqui de vez em quando... muito brilhante para eu ver.
- Eu vim aqui hoje só para ver se te encontrava. Estou metido numa grande confusão emocional e preciso de ajuda de um anjo. Já agora... obrigado pela comparação com uma estrela.
- Então que se passa???
- Eu tinha de te esquecer. Por isso procurei uma substituta. A tal rapariga de Birmingham. Fui a Inglaterra na semana passada para me encontrar com ela. Gosto dela. Há já várias semanas que temos conversado pelo telefone. Por isso é que eu não tenho aparecido por aqui...
- Sim... tinhas dito que tinhas encontrado alguém... e que gostavas dela... ela ajudou-te a recuperar a voz.
- Pois foi. Mas ela não é como tu. É nova demais. Está muito perdida. Mas gosto dela.
- Que idade tem?
- E eu posso fazê-la feliz. 25. É professora primária.
- Então qual é o problema? Vocês não gostam um do outro?
- Sim. Mas há algo errado. Eu tenho uma certa sensação de protecção. Apetece-me protegê-la do mundo e dela própria. Ela tem tantos problemas.
Passámos os últimos quatro dias juntos.
Junto a um lago.
- Oh! Um sítio muito romântico...
- Foi ela que escolheu.
Mas de facto foi romântico... e também sexual.
- :-).....:-)... então passaste uns bons momentos.
- Sim. Creio que sim.
E o meu inglês melhorou.
- O teu inglês sempre foi muito bom.
- Obrigado. Mas agora já falo melhor. Graças ao dinheiro do meu patrão temos estado duas horas ou mais ao telefone... todos os dias.
Ela sabe de ti. E tem ciúmes.
- !!!! Sabe o quê?
- Que eu gosto(ei) de ti
- "ei"... sim
Ai Paulo... tu tens uma vida muito complicada
- Ainda não é "ei"
A minha vida é muito mais complicada do que tu pensas.
- E ela... hmmm... sabe da tua mulher?
- Eu gosto da minha vida assim.
Eu não podia perdê-la da mesma forma que te perdi a ti.
Tive de MENTIR.
- Sim... Tu tens mesmo uma vida complicada... Eu percebo... sigh
- Disse-lhe que estava para me divorciar
- Oh não! Porquê?
- E parece-me que isso já esteve mais longe.
Isto aqui em casa está mau.
- ... e um divórcio vai ser bom ou mau para ti?
- Eu contei-lhe a história do divórcio porque não conseguia mentir totalmente. Tinha de lhe dizer alguma coisa.
- ... a tua mulher sabia que ias encontrar-te com uma rapariga em Inglaterra?
- Eu gosto da minha mulher... por enquanto.
Não sabia.
- ... mas se tu queres que o teu casamento funcione... porque é que passas a vida à procura de outras?
- Não sei se quero que funcione. Quero que a vida funcione, e gosto de deixar as coisas correrem.
Preciso de acção.
A vida é para ser vivida.
O que me magoa é o facto de poder estar a magoar outra pessoa.
E esta rapariga não merece que lhe façam isso.
É boa demais.
Como tu.
Mas ela parece mais frágil.
- Paulo... Não comeces a puxar pelos cordéis do meu coração... eu sei que tu és esperto e inteligente.
Sei que é capaz de comunicar muito bemmmmmm... e, como tu dizes, tens sorte e consegues fazer com que as coisas aconteçam.
... tu sabes que isto tudo depende de ti...
- Não estou a tentar.
Não estou a tentar puxar os cordéis do teu coração.
O meu coração ainda bate por ti.
Essa é a realidade.
E agora também não estou a puxar cordéis nenhuns.
Sabes o que é que eu quero mesmo?
Fazer a Emma feliz.
- Eu não queria dizer isso... acho é que tu podes dar à tua vida o rumo que quiseres.
- Pois posso. Mas não sei se quero.
Descobri recentemente que um dos meus maiores prazeres é fazer as outras pessoas felizes.
Descobri isto com ela.
Ela é uma rapariga muito triste, que já passou por muitas situações desagradáveis.
Hei-de fazer tudo que possa para a ajudar.

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