25 de janeiro de 2004

O chupão - Part 3

O jantar correu bem. O Fernando só cometeu um erro: disse ao escanção para escolher o vinho. Ele escolheu um sicialiano, porque o Fernando disse que tanto ele como "a menina" gostam de vinhos encorpados. Esse siciliano chamado Della não sei quê custou só 100 euros, valor que o empregado se sentiu obrigado a explicar: "eu sou italiano e digo-lhe que este vinho que beberam é do melhor que há na Sicília".
Com um amargo de boca Fernando sacou do American Express e aproveitou para mostrar sem mostrar que era cheio de pasta. OK, 220 euros, valeu-os bem, não valeu? A Svetlana até tinha o coração ao pé da boca e balbuciou que isso é o preço de uma garrafa lá no sítio onde ela trabalha. O Fernando já tinha pensado a mesma coisa mas a esperança de levar a Svetlana para um hotel fazia-lhe pensar que afinal nem foi caro.

2 de janeiro de 2004

O chupão - Part 2

Jantar com uma russa na cidade onde o Fernando mora é a mesma coisa que dizer a todos os outros clientes do restaurante: olhem para mim aqui a enganar a minha mulher com esta puta do cabaré. Russa nessa cidade é sinónima de puta, o que dá sempre para brincar com os amigos fazendo trocadilhos de classe com a palavra russa, inspirando-se em velhas expressões tais como mula russa, salada russa e outras combinações que à mesa do café ficam sempre bem e alegram o ambiente.
O Fernando estava disposto a investir nesse jantar. Foi ao tal restaurante italiano muito chique e bastante caro e decidiu impressionar. Já tinhas vindo aqui? Eu venho cá almoçar muitas vezes. Eles têm um prato do dia excelente à hora de almoço que só custa 20 euros; e como eu trabalho aqui perto dá muito jeito. A Svetlana abstinha-se de comentar. Disfrutava o pato com molho de mel e trufas que custava 28 dele. Por outro lado, o Fernando tinha sempre a distinta impressão de que a miúda não percebia metade do que ele dizia. Na realidade a Sveta falava mal inglês e em português só sabia tchim tchim quando brindava.